miércoles, 3 de agosto de 2011

Coração artificial só para crianças


Crianças também podem ter insuficiência cardíaca, e os casos mais graves requerem transplante. Ao contrário dos adultos, ainda não há dispositivos mecânicos aprovados no mercado que ajudem a manter crianças vivas tempo suficiente para obter um novo coração.
Agora, espera-se que a FDA, a agência de vigilância sanitária dos Estados Unidos, aprove em breve tal dispositivo. O Berlin Heart, um dispositivo mecânico projetado para assumir a função de bombeamento do coração, ganhou o apoio unânime de um painel de consultores da FDA no mês passado.
"Este é um exemplo de um dispositivo inédito que vai mudar o ciclo de vida para pacientes pediátricos que necessitam de transplantes de coração", diz Susan Cummins, diretora do setor de pediatria do Centro para Dispositivos e Saúde Radiológica da FDA.
Um estudo realizado nos EUA recentemente com 48 pacientes concluiu que o dispositivo, lançado pela primeira vez na Europa em 1996 e já usado em vários países, representa um grande avanço em relação à tecnologia atualmente utilizada conhecida pela sigla ECMO, que normalmente prolonga a sobrevivência de crianças gravemente doentes por apenas uma ou duas semanas. Outros tipos de bombas para uso em adultos, chamadas LVAD, estão no mercado há cerca de uma década.
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É um mercado pequeno. Segundo algumas estimativas, menos de 4.000 americanos menores de 18 anos têm insuficiência cardíaca a cada ano (em comparação com cerca de 500.000 adultos), geralmente como resultado de um defeito cardíaco congênito ou um vírus. Não são muitos os casos que levam a circunstâncias catastróficas que necessitem de um transplante de coração. Menos de 400 transplantes de coração pediátrico são feitos anualmente nos EUA. A Berlin Heart GmbH, da Alemanha, espera vender menos de 200 de seus aparelhos por ano no país.
Como os dispositivos mecânicos para adultos, o Berlin Heart vem com riscos, incluindo acidente vascular cerebral. Mas quando funciona, as histórias são contundentes.
Sarah Cataldo foi diagnosticada com insuficiência cardíaca grave, provavelmente o resultado de um vírus, em 2006. Admitida como paciente no Hospital Infantil da Filadélfia aos 7 anos de idade, ela estava na lista para um transplante por várias semanas, mas nenhum coração compatível foi encontrado. Os médicos usaram em Sarah um ECMO, uma máquina especialmente invasiva para o coração e pulmão que requer sedação profunda, um tubo de respiração e atendimento constante na UTI. Depois de um curto período de tempo, o organismo de Sarah começou a falhar.
"Seus órgãos foram se desligando", diz a mãe, Rhonda Cataldo. "Ela estava começando a decair rápido."
Rapidamente, os médicos de Sarah conseguiram, com aprovação especial da FDA, importar um Berlin. Eles conectaram com sucesso o dispositivo ao coração de Sarah. Enquanto esperava um doador, Sarah, por ordens médicas, andava e jogava bola no hospital para recuperar suas forças. Ao contrário de quando estava com o ECMO, a menina passou a comer normalmente. Os médicos acreditam que essas características do dispositivo melhoram as chances de um transplante bem-sucedido.
Três meses e meio depois, Sarah conseguiu um coração novo. "Não sei se eu estaria viva sem [o Berlin]", diz Sarah, que completou 13 anos em julho, cinco anos depois do transplante.
Para as crianças, a espera média pelo coração de um doador é de cerca de quatro meses, de acordo com dados compilados pela Rede de Procura de Órgãos e Transplantes dos EUA. Crianças menores de seis anos enfrentam um risco de vida especialmente elevado enquanto esperam por transplantes. "Elas não têm uma opção viável", diz Gil Wernovsky, cardiologista pediátrica do Hospital Infantil da Filadélfia. "Ou morrem de insuficiência cardíaca ou por causa do ECMO."
A Berlin Heart informa que cobra cerca de US$ 75.000 para os pacientes que precisam de suporte para apenas um ventrículo, e US$ 100.000 quando os pacientes precisam de dois dispositivos.

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