Camila Camilo / USP Online
camila.camilo@usp.br
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Uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP descobriu que géis de três substâncias, inclusive o popular chá verde, são eficientes na prevenção da erosão dentária, a perda do tecido do dente pela ação do ácido oriundo da alimentação ou do suco gástrico. | ||
A professora Marília Buzalaf, do Departamento de Ciências Biológicas da FOB e coordenadora da pesquisa, explica que o problema tem origem no consumo de bebidas e frutas cítricas, refrigerantes e bebidas alcóolicas, como vinho e cerveja. Além disso, pacientes com refluxo, bulimia ou doenças que causam vômito constante têm maior tendência a desenvolver o problema pelo contato mais frequente do suco gástrico com o dente.A acidez leva à destruição do esmalte, a parte mais externa do dente. A dentina, camada interior, é composta por um mineral, chamado apatita, e por proteína. O mineral é em geral corroído pelo ácido e a proteína fica exposta à ação corrosiva das metaloproteinases da matriz (MMPs), enzimas presentes naturalmente na saliva. Os sintomas mais frequentes são dor e sensibilidade à temperatura dos alimentos.
Marília conta que, devido ao maior cuidado com a saúde bucal que ocorre atualmente e a utilização de fluoretos, as pessoas conseguem manter seus dentes por mais tempo na boca, o que faz com que eles estejam mais sujeitos a patologias como a erosão dentária. Com o tempo também, a gengiva se afasta e há exposição da raiz do dente, parte mais sensível à temperatura e ao impacto da mordida.
Histórico
A docente diz que estudos anteriores já citavam o chá verde como inibidor das MPPs. Em laboratório, o grupo responsável pela pesquisa produziu géis à base de inibidores de enzimas como a epigalocatequina galate, encontrada no chá verde, a clorexidina, agente antimicrobiano usado por dentistas, e o sulfato ferroso. Os géis foram aplicados sobre a dentina, posteriormente exposta a substâncias ácidas como refrigerantes. Enquanto o bochecho com o chá inibiu 30% da corrosão, a utilização do gel, de todos os inibidores, garantiu 100% de inibição em uma única aplicação.
Os géis foram patenteados pela Agência USP de Inovação e, de acordo com Marília, já foi dada a entrada do pedido de licenciamento que viabiliza a sua comercialização. A ideia é que pacientes com o problema possam ir até o consultório odontológico receber a aplicação profissional do gel desenvolvido na FOB.
A pesquisa venceu a última edição do Prêmio Saúde, promovido pela revista Saúde!, da Editora Abril, na categoria Saúde Bucal. E segundo a professora, para o grupo envolvido na pesquisa, que inclui alunas de pós-doutorado e doutorado, o próximo passo é um estudo de maior duração que avalie os efeitos a longo prazo do gel e descubra de quanto em quanto tempo é necessário uma nova aplicação.
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