jueves, 13 de enero de 2011

Médico indica como decidir a que horas colocar as crianças para dormir



Distrações podem mudar, mas as necessidades de sono não mudam.
Especialista comenta as últimas revelações das pesquisas a esse respeito.
Perri KlassPara o 'New York Times'
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Quando li que Barack e Michelle Obama colocam suas filhas na cama às oito da noite, perguntei ao meu mais velho (hoje com 25 anos) se ele se lembrava de ter uma hora certa para dormir quando era pequeno. Ele apenas riu.

Quando ele estava na pré-escola, eu era um residente de pediatria (antes dos limites de carga horária), e as noites costumavam se iniciar por volta das sete horas. E aquelas eram noites da década de 1980, sem celulares, e-mails, mensagens de texto e todas as outras distrações que tornam cada vez mais difícil para uma criança – ou um adulto – dizer boa noite. Não estou bem certo se algum de meus filhos jamais teve alguma hora de dormir regular antes das nove ou dez da noite.

Mesmo para isso, nós ainda éramos bastante despreparados: minha nossa, são quase 23 horas e o garoto ainda está acordado! Hora de ler uma história e colocá-lo na cama.

Não há nada que eu aprecie mais do que ler para os filhos, e há tempos sou um defensor – tanto em público como em casa – dos livros na hora de dormir. Porém, o que é a hora de dormir e quem a decide? Meu filho mais novo, com 13 anos, precisa acordar muito cedo, e tentamos persuadi-lo a se deitar por volta das 22h30 em dias de semana – a menos que ele ainda tenha lição de casa, ou estejamos todos fora no cinema, ou haja um importante jogo de beisebol na costa oeste.

Em outras palavras, eu continuo errando, e somente agora estou começando a entender por que isso tem importância.

"A literatura sugere fortemente que os pré-adolescentes e adolescentes precisam de 9 a 9,25 horas de sono por noite", disse Judith Owens, professora-associada de pediatria da Escola de Medicina Alpert da Universidade Brown, que dirige a Clínica Pediatra de Doenças do Sono no Hospital Infantil Hasbro.

Ela tirou de letra minha pergunta sobre crianças – ou adultos – que não precisam de tanto tempo de sono. "É uma curva em forma de sino", disse ela, sendo que apenas 2,5% da população precisa de significativamente menos sono que a média.

"O problema", ela continuou, "é que 95% de nós acham que estão nesses 2,5%. Você deveria supor, até prova em contrário, que seu filho precisa daquela quantidade de sono."

Qual é a hora de dormir recomendada para uma criança de oito ou nove anos? Os especialistas prudentemente sugerem que você pense de trás pra frente da hora de acordar, tentando 10 horas de sono, e testando sua rotina ao conferir se a criança acorda espontaneamente, alerta e alegre para o dia (não, isso geralmente não acontecia com meus filhos).

Em parte, a ideia de ter uma hora de dormir fixa e bem cedo acompanha uma visão parental mais ampla da vida protegida da criança, movendo-se em conjunto numa agenda diária muito distinta, e também, é claro, guardando algum tempo para os pais. Mas é também vinda do tempo e do conforto do quarto das crianças.

"Existe algo que pode nos machucar, mãe, depois que as luzes noturnas são acesas?", pergunta Michael em "Peter Pan," e a Sra. Darling o conforta (sem perceber que ele está prestes a voar para a Terra do Nunca). "Até mais, adeus", cantam as crianças Von Trapp em "A Noviça Rebelde". E, é claro, "Quando as Crianças Estão Dormindo", planeja o casal em "Carrossel".

No ensino médio

À medida que as crianças passam pelo ensino médio, diz Owens, elas ainda precisam de muito sono, mas torna-se mais difícil para elas seguir a agenda que o mundo exige.

"As necessidades de sono não mudam tão dramaticamente da escola primária para a o ensino médio e a faculdade", disse ela. "O que muda é o ritmo diário de dormir e acordar, e geralmente, ao atravessar a puberdade, os horários de dormir e de acordar são alterados em até duas horas. Eles simplesmente não conseguem dormir tão cedo quanto o faziam com sete ou oito anos." É por isso que muitos especialistas dizem que as aulas no colegial deveriam começar mais tarde.

Mary Carskadon, professora de psiquiatria e comportamento humano na Brown e diretora de pesquisa cronobiológica do Hospital E.P. Bradley, diz que, no laboratório de sono, pesquisadores podem avaliar a motivação de sono de uma criança examinando registros de EEG (eletroencefalograma) do cérebro, e monitorar o ritmo cotidiano testando a saliva.

"Avaliamos a quantidade de melatonina produzida, um excelente indicador do tempo do cérebro: quando vemos o sinal da melatonina acender, isso nos diz que, para o cérebro, já é hora de dormir. Nós medimos esse sinal em diferentes estágios de desenvolvimento", diz ela, e "quando as crianças atravessam a puberdade, vemos isso empurrar a hora de dormir para mais tarde."

Mesmo enquanto aprendíamos mais e mais sobre a importância do sono, para funções cerebrais e aprendizado, para a saúde física e mental, o mundo se tornou um local mais duro para uma criança ir dormir. Os conselhos mais básicos que pediatras dão aos pais de jovens crianças sobre rotinas de sono – desligar a televisão, pegá-las no colo, ler um livro – também são importantes para crianças mais velhas: passar tempo juntos, relaxar, desligar aparelhos eletrônicos, ler um livro.

Vamos encarar os fatos: mesmo que você deixe a televisão fora do quarto (o que você definitivamente deve fazer), o quarto infantil de hoje é bastante conectado em muitas famílias, e a maioria das crianças conhece possibilidades de entretenimento e comunicação capazes de durar a noite toda. Eu posso ter deixado meus filhos ficarem acordados até muito tarde (certo, eu realmente deixei), mas ao menos fui firme em relação à leitura ou simplesmente em passar tempo juntos.

Enquanto tentamos assimilar a nova pesquisa sobre a importância do sono, a rotina da hora de dormir pode continuar sendo tão importante quanto a própria hora de dormir.

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