viernes, 17 de junio de 2011

índice glicêmico


índice glicêmico foi desenvolvido por Jekins e cols. (1981), a partir da comparação dos efeitosfisiológicos de alimentos contendo carboidratos em relação à sua composição química (CARVALHO; ALFENAS, 2008). Por definição, este consiste na medida in vivo do impacto relativo de alimentos contendo carboidratos sobre a concentração plasmática de glicose.

O índice glicêmico (IG) é medido por meio da divisão da área sob a curva de resposta glicêmica, duas horas após o consumo de uma porção de alimento teste contendo 50g de carboidrato, pela área sob a curva da resposta glicêmica correspondente ao consumo da mesma porção de carboidratos do alimento referência. Esse valor é expresso em porcentagem e reflete o comportamento de cada alimento quanto à sua velocidade de digestão e absorção e a resultante resposta glicêmica. Os alimentos que provocam maior resposta apresentam elevado IG, enquanto aqueles com menor resposta apresentam menores valores de IG (DIAS e cols., 2010).
Tanto o pão branco quanto a glicose podem ser utilizados como alimento padrão para a determinação do IG. Entretanto, devido às variações na composição do pão entre países ou mesmo entre as cidades dentro de um mesmo país, convencionou-se que a utilização da glicose anidra seria a mais recomendada.
Logo após sua criação, este índice passou a ser considerado como importante ferramenta no tratamento e no controle do diabetes mellitus, sendo sua utilização também sugerida para pacientes com doenças cardiovasculares ou risco de desenvolvimento das mesmas, uma vez que a redução da glicemia e da insulinemia pós-prandial é desejável no controle e prevenção de tais doenças (CARVALHO; ALFENAS, 2008).
Alguns autores constataram que dietas de alto IG apresentam menor poder de saciedade, resultando em excessiva ingestão alimentar e favorecendo o aumento do peso corporal. Além disso, o consumo de tais alimentos parece desencadear uma sequência de eventos hormonais, que limita a disponibilidade de combustível metabólico no período pós-prandial, levando à fome e à ingestão alimentar excessiva. Por outro lado, a ingestão de alimentos de baixo IG pode diminuir a secreção de hormônios contra- regulatórios  proteolíticos como o cortisol, hormônio do crescimento e glucagon, estimulando a síntese proteica. Estudos indicam ainda que seu consumo tende a aumentar o teor de massa magra e diminuir, significativamente, o teor de massa gordurosa corporal (GUTTIERRES; ALFENAS, 2007).
Alguns estudos sugerem que a ingestão de uma refeição contendo alimentos de baixo IG pode favorecer a oxidação de lipídeos durante a realização de exercíciocicloergométrico e corridas em relação aos alimentos de alto IG. Verificou-se que o consumo de uma refeição contendo alimentos de baixo IG, três horas antes de uma corrida (intensidade de 70% do consumo máximo de oxigênio), proporcionou maior estabilidade glicêmica e insulinêmica quando tal exercício foi realizado até a exaustão (COCATE e cols., 2010).
Existem ainda autores que apontam o índice glicêmico como não fidedigno, visto que o mesmo não considera as porções reais consumidas por um individuo (SAMPAIO e cols., 2007) e que seu valor pode ser influenciado por uma série de fatores, como a motilidade intestinal, a secreção de insulina, a proporção entre os carboidratos ingeridos (amilose ou amilopectina), o teor de fibras emacronutrientes que compõem os alimentos da refeição, o grau de processamento do grânulo de amido, o método e o tempo de cocção. Assim, a interação entre todos esses fatores pode alterar drasticamente os valores de IG previstos para os alimentos ingeridos em determinadas refeições, o que dificulta a aferição dos reais benefícios da utilização de tal parâmetro.
Na tentativa de minimizar os erros causados pela variação da quantidade de carboidratos consumidos em cada refeição, foi introduzido o conceito de carga glicêmica (CG). Este é derivado do índice glicêmico e leva em consideração a quantidade do carboidrato ingerido (CARVALHO; ALFENAS, 2008). A carga glicêmica quantifica o efeito total de uma quantidade de carboidrato sobre a glicose plasmática, representando o produto do IG de um alimento pelo seu conteúdo de carboidrato disponível. Assim, o conceito de CG envolve tanto a quantidade como a qualidade do carboidrato ingerido, o que a torna mais relevante que o IG quando o alimento é avaliado isoladamente (SILVA e cols., 2009). Vale ressaltar que o IG e a CG diários correlacionam-se de maneira diretamente proporcional, o que revela a importância da consideração de ambos durante a abordagem nutricional.
ClassicaçãoIG do alimento (%) CG do alimento (g)CG diária (g)
Baixo ≤ 55≤ 10< 80
Médio 56 a 59 11 a 19 -
Alto ≥ 70 ou mais≥ 20 >120

O debate acerca da utilidade clínica do IG tem como alicerces a aplicabilidade do mesmo em refeições mistas, a variabilidade inter e intraindividual da resposta glicêmica, a percepção da complexidade atribuída ao conceito de IG e o receio de que este possa limitar as escolhas alimentares e ser interpretado erroneamente pelos pacientes (SAMPAIO e cols., 2007). Estudos revelam que o cuidado nutricional terá maiores possibilidades de trazer efeitos benéficos à saúde mediante o uso das medidas supracitadas, entretanto, ainda são necessárias outras pesquisas que confirmem a eficácia e aplicabilidade das mesmas.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CARVALHO, G. Q.; ALFENAS, R. C. G. Índice glicêmico: uma abordagem crítica acerca de sua utilização na prevenção e no tratamento de fatores de risco cardiovasculares. Revista de Nutrição, Campinas, v. 21, n. 5, 2008.

COCATE, P. G. e cols. Efeito do índice glicêmico no gasto energético e utilização do substrato energético antes e depois do exercício cicloergométrico. Revista de Nutrição, Campinas, v. 23, n. 6, 2010.
DIAS, V. M. e cols. Influência do índice glicêmico da dieta sobre parâmetros antropométricos e bioquímicos em pacientes com diabetes mellitus tipo1. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 54, n. 9, 2010.
FAYH, A. P. T.; UMPIERRE, D.; SAPATA, K. B.; NETO, F. M. D.; OLIVEIRA, A. R.; Efeitos da ingestão prévia de carboidrato de alto índice glicêmico sobre a resposta glicêmica e desempenho durante um treino de força. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 13, n.6, 2007.

GUTTIERRES, A. P. M.; ALFENAS, R. C. G. Efeitos do índice glicêmico no balanço energético. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 51, n. 3, 2007.
SAMPAIO, H. A. C. e cols. Índice glicêmico e carga glicêmica de dietas consumidas por indivíduos obesos. Revista de Nutrição, Campinas, v. 20, n. 6, 2007.
SILVA, F. M. e cols. Papel do índice glicêmico e da carga glicêmica na prevenção e no controle metabólico de pacientes com diabetes melito tipo 2. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 53, n. 5, 2009. 

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